Se são as noites que trazem o tempo
que faço eu com o tempo de agora?
Não me diga que o amanhã vem
Não vem: sendo amanhã, amanhã não mais será
As horas que de gota em gota se vão
penso eu que retornam, vez ou outra
Cada lembrança é volta, estática promessa
é incessante perda do atual
E eu me lembro e não canso de lembrar
eu perco o tempo do dia que virá
Me recordo do que hoje já não é
Vivo o ontem, como quem amanhã não quer
E eu te vejo lá, regando o jardim
Serão lembranças ou desejo em mim?
Será o hoje, perdido no que foi?
Será a vida e seu ciclo do depois?
É mais que parda folha caindo em meu chão:
É a angústia do sempre, amém.
Laís Leite
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Dor
Não me olha de lado
Não me faz ver o lado que é só teu, não meu
Não me deixa nunca, nunca de lado
Lado meu, você
São as noites dos dias comuns que mais doem, eu sei
São os dias das noites severas que buscam respostas
São palavras cuspidas, gritadas, que buscam ouvidos
São imagens nunca detalhadas, traços sem sentido
Mas de tua boca não sai verso disfarçado
Tu te mostras como és aos meus sentidos
Mas eu te peço, não me cale não-verdades
Pois é do ato que se fazem os gemidos
Laís Leite
Não me faz ver o lado que é só teu, não meu
Não me deixa nunca, nunca de lado
Lado meu, você
São as noites dos dias comuns que mais doem, eu sei
São os dias das noites severas que buscam respostas
São palavras cuspidas, gritadas, que buscam ouvidos
São imagens nunca detalhadas, traços sem sentido
Mas de tua boca não sai verso disfarçado
Tu te mostras como és aos meus sentidos
Mas eu te peço, não me cale não-verdades
Pois é do ato que se fazem os gemidos
Laís Leite
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Euscrevote (e.v.)
Não te escrevo como verso
Amado, puro ou vazio
Tu és verso de carnes vermelhas
De saliva torpe, ainda que gentil
Se te escrevo à pena leve
Não te traduzo em teu igual
Sobram-te esguias mechas
Manchas do vindouro temporal
Se por ventura me perpassa teu olhar
Tal como ele se faz; como me vês
Ainda assim faltará o teu tom
De pureza desdobrada em ardis
Antes não te escrever como verso
Te olho, apenas; te conservo como és
De ti guardo o pouco que pode ficar
E não te levo sempre, deixo-te a me esperar.
Laís Leite
Amado, puro ou vazio
Tu és verso de carnes vermelhas
De saliva torpe, ainda que gentil
Se te escrevo à pena leve
Não te traduzo em teu igual
Sobram-te esguias mechas
Manchas do vindouro temporal
Se por ventura me perpassa teu olhar
Tal como ele se faz; como me vês
Ainda assim faltará o teu tom
De pureza desdobrada em ardis
Antes não te escrever como verso
Te olho, apenas; te conservo como és
De ti guardo o pouco que pode ficar
E não te levo sempre, deixo-te a me esperar.
Laís Leite
Assinar:
Postagens (Atom)