Ai, Amor!
Tu me provas, eu te provo o que quiseres
e bem sabes que isto sempre foi assim
Se me olhas e me dizes ser perene
que mais quero, que mais peço eu de ti?
Veja, Amor:
é tão grande, tão imenso meu querer
e bem sabes que meu sempre não tem fim
Se te digo que pra sempre serei tua
já bem sabes que te quero só pra mim
Sinto tudo docemente planejado
e só por isso concedi em esperar
Desde então sabia, conto hoje em segredo
ainda não tendo sido meu em tal momento
já era certo, meu destino te encontrar
Laís Leite.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Sorriso
Foram ficando miúdos os olhos
Cada vez menores e menores
Pequenos a ponto de não mais ver
De esvair-se o mundo no escurecer
Com eles já inexistentes
Senti o óbvio tão buscado
O mundo todo com mais vida
A vida toda sem passado
Que azar o meu, que final!
Abri os olhos sem querer
Desejei não estivesse tudo igual
Mas que engano, pobre de mim!
Vieram as cores, massacre de luz
E então não havia tanta vida assim
Laís Leite
Cada vez menores e menores
Pequenos a ponto de não mais ver
De esvair-se o mundo no escurecer
Com eles já inexistentes
Senti o óbvio tão buscado
O mundo todo com mais vida
A vida toda sem passado
Que azar o meu, que final!
Abri os olhos sem querer
Desejei não estivesse tudo igual
Mas que engano, pobre de mim!
Vieram as cores, massacre de luz
E então não havia tanta vida assim
Laís Leite
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Da covardia
Menino, menino!
Não corra na rua
Não brinque com a sorte
Se esconda da morte
Menino, menino!
Vem chuva no céu
Vem cobra no mato
Pra casa, menino!
Há sombras na noite ansiando por vida
Há passos não dados que esperam a volta
Há casos em que o melhor é os olhos fechar
A briga por mais se espalha na veia
A vida, de bons vigaristas está cheia
Se pergunte, pois, sempre, se o melhor é lutar
Laís Leite
Não corra na rua
Não brinque com a sorte
Se esconda da morte
Menino, menino!
Vem chuva no céu
Vem cobra no mato
Pra casa, menino!
Há sombras na noite ansiando por vida
Há passos não dados que esperam a volta
Há casos em que o melhor é os olhos fechar
A briga por mais se espalha na veia
A vida, de bons vigaristas está cheia
Se pergunte, pois, sempre, se o melhor é lutar
Laís Leite
sábado, 11 de julho de 2009
Poço, pedra, fim.
Ah, meu bem
Nem pense que não:
Eu sou o fundo do poço.
O próprio poço, até.
Sou a pedra que jogaste ao fazer o pedido
- Não me realizo, estanco, afundo
Eu busco o fim, meu fundo, meu poço, não é?
Não sou.
Não sou nada!
Eu minto
E minto agora, como não?
Sou então, em verdade, o início
Sou de onde tudo surge.
Ei, querido!
Há vida em todos os pontos, em todas as curvas
Há sempre quem queira seguir
Há quem te leve junto
Quem me leva?
Quem me leva?
Eu caminho sem que possa ver meus pés.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Do desejo.
O que desejo é ser só tua todo o tempo
desejo a sorte de ver os dias por teus olhos
desejo beijos infindáveis nas manhãs de primavera
e muito mais o teu abraço pelas noites de inverno
Desejo, então, a constância do futuro
desejo que seja teu o ar em meu interior
Desejo ouvir de tua boca só verdades
ainda que seja eu piegas em meu desmedido amor
Saber que sempre teu desejo será meu
é o maior desejo de hei de conservar
Se porventura te perderes do que é teu
desejo ser de todo braço a te amparar
Se meu desejo se mantém por até sempre
e se a certeza toma mais e mais meu ser
Desejo, pois, que os meus olhos te protejam
para que nunca o que tu és deixes de ser
Laís Leite
terça-feira, 12 de maio de 2009
Incoerência
Dentro do que não posso ver
há mais palavras que sentido
É a meus olhos proibido
conhecer o que desejo
Soube já de teus pecados
Retratei meus sentimentos
Antes fui receio puro
hoje medo, só tormento
Não há calma desejável
Não há forma inteligível
Sempre "se" a imperar
Mas espero que se cumpra
Veja eu que desde nunca
Fez sentido meu pesar
Laís Leite
há mais palavras que sentido
É a meus olhos proibido
conhecer o que desejo
Soube já de teus pecados
Retratei meus sentimentos
Antes fui receio puro
hoje medo, só tormento
Não há calma desejável
Não há forma inteligível
Sempre "se" a imperar
Mas espero que se cumpra
Veja eu que desde nunca
Fez sentido meu pesar
Laís Leite
terça-feira, 14 de abril de 2009
Do dever-ser
Se não há mais o que ser dito, que se diz?
Digo eu que não se diz, enfim, se faz.
O que se faz?
Eu faço a vida que se faz em mim.
Laís Leite.
Digo eu que não se diz, enfim, se faz.
O que se faz?
Eu faço a vida que se faz em mim.
Laís Leite.
segunda-feira, 16 de março de 2009
Escreva.
Tu já não escreves
O que os outros bem não leem
Teu tinteiro colorido
Já não serve ao cru papel
Tuas mãos de tantas veias
Já não traçam sentimentos
Escondem-se em bolsos fundos
Por medo do constante tormento
E antes fostes fonte minha...
Agora não preenches meu pensar
Sou vazio, largo poço inerte
Sou anseio puro, inquietante pulsar
O dom é teu, amigo!
Escreva, pois, ao mundo
Escreva os versos amargos
Escreva a prosa gentil
Que espero para ler-te, querido
- desvendar teu caminhar
Que ao ler-te eu descubro, amigo
Quanto vale o despertar
Laís Leite
O que os outros bem não leem
Teu tinteiro colorido
Já não serve ao cru papel
Tuas mãos de tantas veias
Já não traçam sentimentos
Escondem-se em bolsos fundos
Por medo do constante tormento
E antes fostes fonte minha...
Agora não preenches meu pensar
Sou vazio, largo poço inerte
Sou anseio puro, inquietante pulsar
O dom é teu, amigo!
Escreva, pois, ao mundo
Escreva os versos amargos
Escreva a prosa gentil
Que espero para ler-te, querido
- desvendar teu caminhar
Que ao ler-te eu descubro, amigo
Quanto vale o despertar
Laís Leite
Segunda Constatação
Bem sei que você sabe
não sei eu o que é amor
tanto sabe que, frio, se vale
de minha ignorância a seu favor
Toma-me pela mão e finge me beijar
Sinto tudo quanto desconheço:
Ah! insanas dores - esperança
é tal qual sol a me tocar
Se fujo, corro sempre a seu encontro
É em seu abraço que insisto em repousar
E - como não já soubesse - me pergunto hoje e sempre:
Não sendo isto amor, que mais então será?
Laís Leite
não sei eu o que é amor
tanto sabe que, frio, se vale
de minha ignorância a seu favor
Toma-me pela mão e finge me beijar
Sinto tudo quanto desconheço:
Ah! insanas dores - esperança
é tal qual sol a me tocar
Se fujo, corro sempre a seu encontro
É em seu abraço que insisto em repousar
E - como não já soubesse - me pergunto hoje e sempre:
Não sendo isto amor, que mais então será?
Laís Leite
domingo, 1 de março de 2009
Viajar
Comigo ele dançou a valsa
e eu vi, todos viram:
verdadeira a ausência quando falta o amor.
Laís Leite
e eu vi, todos viram:
verdadeira a ausência quando falta o amor.
Laís Leite
sábado, 7 de fevereiro de 2009
Vida
Não há vida que baste quando a vontade é de nada ser
Os passos infindáveis no vazio se perdem todo dia
As lembranças que trago não são minhas, não são minhas
[Minha interna plurialma hoje muda se transforma
Tão eterna quanto beijos se levanta pluriforme
- Não há rio que chegue ao mar com suas gotas todas; eu digo]
Não grite verdades ao que sempre já soube
Ele sabe, ele sabe; e ele perdoa, sorria
E erre mais: o perdão é eterno, externo, incurável
Sinto teus olhos como nuas palavras
Não vejo neles mais do que já alegues haver
E se houver? Se o mais houver?
O mais é maior que qualquer conhecido
O mais é peça obscena, é ponto de vidro na areia do caos
O mais é soturno qual o pranto de velha
O mais é noturno qual a noite de inverno, pois não
- Me ouça:
Transforme em short a saia plissada,
saia na rua tão completamente desnorteada
que haverão de te perguntar por que motivo saístes.
Responda que foi a aurora:
Te chamou um instante cá fora
para dela aproveitar o odor do jasmim.
E ainda que não te acreditem
verão semblante cativo,
verão em ti o teu fim.
Corra então pela rua
e grite, fazendo-se nua,
que a vida não mais seja assim.
E veja que espanto, que louca!
A vida beijando-te a boca
Arrastando-te pro cais, enfim.
Laís Leite
Os passos infindáveis no vazio se perdem todo dia
As lembranças que trago não são minhas, não são minhas
[Minha interna plurialma hoje muda se transforma
Tão eterna quanto beijos se levanta pluriforme
- Não há rio que chegue ao mar com suas gotas todas; eu digo]
Não grite verdades ao que sempre já soube
Ele sabe, ele sabe; e ele perdoa, sorria
E erre mais: o perdão é eterno, externo, incurável
Sinto teus olhos como nuas palavras
Não vejo neles mais do que já alegues haver
E se houver? Se o mais houver?
O mais é maior que qualquer conhecido
O mais é peça obscena, é ponto de vidro na areia do caos
O mais é soturno qual o pranto de velha
O mais é noturno qual a noite de inverno, pois não
- Me ouça:
Transforme em short a saia plissada,
saia na rua tão completamente desnorteada
que haverão de te perguntar por que motivo saístes.
Responda que foi a aurora:
Te chamou um instante cá fora
para dela aproveitar o odor do jasmim.
E ainda que não te acreditem
verão semblante cativo,
verão em ti o teu fim.
Corra então pela rua
e grite, fazendo-se nua,
que a vida não mais seja assim.
E veja que espanto, que louca!
A vida beijando-te a boca
Arrastando-te pro cais, enfim.
Laís Leite
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Segundo
Se são as noites que trazem o tempo
que faço eu com o tempo de agora?
Não me diga que o amanhã vem
Não vem: sendo amanhã, amanhã não mais será
As horas que de gota em gota se vão
penso eu que retornam, vez ou outra
Cada lembrança é volta, estática promessa
é incessante perda do atual
E eu me lembro e não canso de lembrar
eu perco o tempo do dia que virá
Me recordo do que hoje já não é
Vivo o ontem, como quem amanhã não quer
E eu te vejo lá, regando o jardim
Serão lembranças ou desejo em mim?
Será o hoje, perdido no que foi?
Será a vida e seu ciclo do depois?
É mais que parda folha caindo em meu chão:
É a angústia do sempre, amém.
Laís Leite
que faço eu com o tempo de agora?
Não me diga que o amanhã vem
Não vem: sendo amanhã, amanhã não mais será
As horas que de gota em gota se vão
penso eu que retornam, vez ou outra
Cada lembrança é volta, estática promessa
é incessante perda do atual
E eu me lembro e não canso de lembrar
eu perco o tempo do dia que virá
Me recordo do que hoje já não é
Vivo o ontem, como quem amanhã não quer
E eu te vejo lá, regando o jardim
Serão lembranças ou desejo em mim?
Será o hoje, perdido no que foi?
Será a vida e seu ciclo do depois?
É mais que parda folha caindo em meu chão:
É a angústia do sempre, amém.
Laís Leite
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Dor
Não me olha de lado
Não me faz ver o lado que é só teu, não meu
Não me deixa nunca, nunca de lado
Lado meu, você
São as noites dos dias comuns que mais doem, eu sei
São os dias das noites severas que buscam respostas
São palavras cuspidas, gritadas, que buscam ouvidos
São imagens nunca detalhadas, traços sem sentido
Mas de tua boca não sai verso disfarçado
Tu te mostras como és aos meus sentidos
Mas eu te peço, não me cale não-verdades
Pois é do ato que se fazem os gemidos
Laís Leite
Não me faz ver o lado que é só teu, não meu
Não me deixa nunca, nunca de lado
Lado meu, você
São as noites dos dias comuns que mais doem, eu sei
São os dias das noites severas que buscam respostas
São palavras cuspidas, gritadas, que buscam ouvidos
São imagens nunca detalhadas, traços sem sentido
Mas de tua boca não sai verso disfarçado
Tu te mostras como és aos meus sentidos
Mas eu te peço, não me cale não-verdades
Pois é do ato que se fazem os gemidos
Laís Leite
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Euscrevote (e.v.)
Não te escrevo como verso
Amado, puro ou vazio
Tu és verso de carnes vermelhas
De saliva torpe, ainda que gentil
Se te escrevo à pena leve
Não te traduzo em teu igual
Sobram-te esguias mechas
Manchas do vindouro temporal
Se por ventura me perpassa teu olhar
Tal como ele se faz; como me vês
Ainda assim faltará o teu tom
De pureza desdobrada em ardis
Antes não te escrever como verso
Te olho, apenas; te conservo como és
De ti guardo o pouco que pode ficar
E não te levo sempre, deixo-te a me esperar.
Laís Leite
Amado, puro ou vazio
Tu és verso de carnes vermelhas
De saliva torpe, ainda que gentil
Se te escrevo à pena leve
Não te traduzo em teu igual
Sobram-te esguias mechas
Manchas do vindouro temporal
Se por ventura me perpassa teu olhar
Tal como ele se faz; como me vês
Ainda assim faltará o teu tom
De pureza desdobrada em ardis
Antes não te escrever como verso
Te olho, apenas; te conservo como és
De ti guardo o pouco que pode ficar
E não te levo sempre, deixo-te a me esperar.
Laís Leite
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