quarta-feira, 25 de maio de 2011

It was.

I told you I wouldn’t be sorry
If we weren’t together someday
But you were pleased thinking I wouldn’t leave you
And now you cry each day

It’s not my fault if I did
Everything I told you I would
When I was yours you thought it was for ever
But I never told you to believe so

Don’t you think time’s ticking on?
Don’t you see I’m far away from you?
Whether it was meant to be
It wouldn’t be you
It wouldn’t be me.



Laís Leite.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ainda

Eu finjo que não ligo,
você finge que não vê.

Somos tanto e tanta coisa
nos fez juntos sem querer
Eu pisquei e te vi nua
te beijei, ouvi dizer

Seguimos lentos nesse passo
por não ter o que fazer
Eu sorri com teu abraço
tive náuseas de prazer

Eu não sou nem você é
o que de nós querem fazer
Somos tanto, somos muito
mais que eu ou que você

E eu finjo que não ligo,
você finge que não vê.


Laís Leite

domingo, 2 de janeiro de 2011

Última Constatação

A resposta mais sensata
Fez-se mentira no instante em que fui sua
As promessas que trouxestes de tão longe
São desejos que o futuro excetua

Não me foi permitido apagar tantas tristezas
Nem ao menos esquecer as suas causas
Hoje choro teu passado sem lágrimas
E as dores me acompanham a cada passo

O vazio que vislumbro me acolhe
E me torna tão sozinha quanto possa
Nem assim me faço livre da memória
Que se formou e estancou por culpa nossa

Sigo, então, acompanhada de seus versos
E das palavras que me fizestes escutar
Sendo agora não mais que vida inerte
Aguardo apenas o destino me encontrar


Laís Leite

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

DeVagar

Eu não posso o que vejo
É tua boca a mais incerta de provar?
Eu posso um só caminho

Vi teus olhos
Teus pêlos
Tuas mãos
Vibrantes
Eu quero
Quero

Eu só posso o que tenho
E não me basta, nunca bastará
Mais é melhor?

Eu te escrevo os versos
E minhas noites são tuas


Laís Leite

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Vergonha

Envergonho-me da minha poesia.
O poeta não fala:
escrevo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Presente

Enquanto não somos história
usemos o tempo perdido
nos deixemos perdermos no tempo
como no tempo em que fomos amigos

E como somos sorriso sem dono
sorriremos em todo lugar
com a chuva a molhar nossos corpos
com o corpo querendo dançar

Não nos deixe perder esse tempo
que de amanhã ninguém saberá
somos hoje um mútuo presente
e nos damos a que aceitar



Laís Leite

sexta-feira, 19 de março de 2010

Anteposição

Além do mundo visto
há um risco a correr
E corre tão rápido o risco
que é mesmo certo se perder

Quando se perde, se encontra
logo do que se alegrar
Nessa tanta alegria
difícil é querer voltar

Mas bem saiba ser possível
só voltar, sem coração
É que depois de ter o sim
quem mais quer viver o não?


Laís Leite

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dos planos

Ai, Amor!
Tu me provas, eu te provo o que quiseres
e bem sabes que isto sempre foi assim
Se me olhas e me dizes ser perene
que mais quero, que mais peço eu de ti?

Veja, Amor:
é tão grande, tão imenso meu querer
e bem sabes que meu sempre não tem fim
Se te digo que pra sempre serei tua
já bem sabes que te quero só pra mim

Sinto tudo docemente planejado
e só por isso concedi em esperar
Desde então sabia, conto hoje em segredo
ainda não tendo sido meu em tal momento
já era certo, meu destino te encontrar



Laís Leite.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sorriso

Foram ficando miúdos os olhos
Cada vez menores e menores
Pequenos a ponto de não mais ver
De esvair-se o mundo no escurecer

Com eles já inexistentes
Senti o óbvio tão buscado
O mundo todo com mais vida
A vida toda sem passado

Que azar o meu, que final!
Abri os olhos sem querer
Desejei não estivesse tudo igual

Mas que engano, pobre de mim!
Vieram as cores, massacre de luz
E então não havia tanta vida assim


Laís Leite

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Da covardia

Menino, menino!
Não corra na rua
Não brinque com a sorte
Se esconda da morte

Menino, menino!
Vem chuva no céu
Vem cobra no mato
Pra casa, menino!

Há sombras na noite ansiando por vida
Há passos não dados que esperam a volta
Há casos em que o melhor é os olhos fechar

A briga por mais se espalha na veia
A vida, de bons vigaristas está cheia
Se pergunte, pois, sempre, se o melhor é lutar


Laís Leite

sábado, 11 de julho de 2009

Poço, pedra, fim.

Ah, meu bem Nem pense que não: Eu sou o fundo do poço.
O próprio poço, até. 
Sou a pedra que jogaste ao fazer o pedido - Não me realizo, estanco, afundo 
Eu busco o fim, meu fundo, meu poço, não é? 
Não sou. 
Não sou nada! 
Eu minto 
E minto agora, como não? 
Sou então, em verdade, o início 
Sou de onde tudo surge. 
Ei, querido! 
Há vida em todos os pontos, em todas as curvas 
Há sempre quem queira seguir 
Há quem te leve junto 
Quem me leva? Quem me leva? 
Eu caminho sem que possa ver meus pés.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Do desejo.

O que desejo é ser só tua todo o tempo desejo a sorte de ver os dias por teus olhos desejo beijos infindáveis nas manhãs de primavera 
e muito mais o teu abraço pelas noites de inverno
Desejo, então, a constância do futuro 
desejo que seja teu o ar em meu interior Desejo ouvir de tua boca só verdades 
ainda que seja eu piegas em meu desmedido amor 
 Saber que sempre teu desejo será meu
 é o maior desejo de hei de conservar 
Se porventura te perderes do que é teu desejo ser de todo braço a te amparar 
 Se meu desejo se mantém por até sempre 
e se a certeza toma mais e mais meu ser Desejo, pois, que os meus olhos te protejam para que nunca o que tu és deixes de ser Laís Leite

terça-feira, 12 de maio de 2009

Incoerência

Dentro do que não posso ver
há mais palavras que sentido
É a meus olhos proibido
conhecer o que desejo

Soube já de teus pecados
Retratei meus sentimentos
Antes fui receio puro
hoje medo, só tormento

Não há calma desejável
Não há forma inteligível
Sempre "se" a imperar

Mas espero que se cumpra
Veja eu que desde nunca
Fez sentido meu pesar



Laís Leite

terça-feira, 14 de abril de 2009

Do dever-ser

Se não há mais o que ser dito, que se diz?
Digo eu que não se diz, enfim, se faz.
O que se faz?
Eu faço a vida que se faz em mim.


Laís Leite.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Escreva.

Tu já não escreves
O que os outros bem não leem
Teu tinteiro colorido
Já não serve ao cru papel

Tuas mãos de tantas veias
Já não traçam sentimentos
Escondem-se em bolsos fundos
Por medo do constante tormento

E antes fostes fonte minha...
Agora não preenches meu pensar
Sou vazio, largo poço inerte
Sou anseio puro, inquietante pulsar

O dom é teu, amigo!
Escreva, pois, ao mundo
Escreva os versos amargos
Escreva a prosa gentil

Que espero para ler-te, querido
- desvendar teu caminhar
Que ao ler-te eu descubro, amigo
Quanto vale o despertar


Laís Leite

Segunda Constatação

Bem sei que você sabe
não sei eu o que é amor
tanto sabe que, frio, se vale
de minha ignorância a seu favor

Toma-me pela mão e finge me beijar
Sinto tudo quanto desconheço:
Ah! insanas dores - esperança
é tal qual sol a me tocar

Se fujo, corro sempre a seu encontro
É em seu abraço que insisto em repousar
E - como não já soubesse - me pergunto hoje e sempre:
Não sendo isto amor, que mais então será?


Laís Leite

domingo, 1 de março de 2009

Viajar

Comigo ele dançou a valsa
e eu vi, todos viram:
verdadeira a ausência quando falta o amor.


Laís Leite

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Vida

Não há vida que baste quando a vontade é de nada ser
Os passos infindáveis no vazio se perdem todo dia
As lembranças que trago não são minhas, não são minhas

[Minha interna plurialma hoje muda se transforma
Tão eterna quanto beijos se levanta pluriforme
- Não há rio que chegue ao mar com suas gotas todas; eu digo]

Não grite verdades ao que sempre já soube
Ele sabe, ele sabe; e ele perdoa, sorria
E erre mais: o perdão é eterno, externo, incurável

Sinto teus olhos como nuas palavras
Não vejo neles mais do que já alegues haver
E se houver? Se o mais houver?

O mais é maior que qualquer conhecido
O mais é peça obscena, é ponto de vidro na areia do caos
O mais é soturno qual o pranto de velha
O mais é noturno qual a noite de inverno, pois não

- Me ouça:

Transforme em short a saia plissada,
saia na rua tão completamente desnorteada
que haverão de te perguntar por que motivo saístes.

Responda que foi a aurora:
Te chamou um instante cá fora
para dela aproveitar o odor do jasmim.

E ainda que não te acreditem
verão semblante cativo,
verão em ti o teu fim.

Corra então pela rua
e grite, fazendo-se nua,
que a vida não mais seja assim.

E veja que espanto, que louca!
A vida beijando-te a boca
Arrastando-te pro cais, enfim.


Laís Leite

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Segundo

Se são as noites que trazem o tempo
que faço eu com o tempo de agora?
Não me diga que o amanhã vem
Não vem: sendo amanhã, amanhã não mais será

As horas que de gota em gota se vão
penso eu que retornam, vez ou outra
Cada lembrança é volta, estática promessa
é incessante perda do atual

E eu me lembro e não canso de lembrar
eu perco o tempo do dia que virá
Me recordo do que hoje já não é
Vivo o ontem, como quem amanhã não quer

E eu te vejo lá, regando o jardim
Serão lembranças ou desejo em mim?
Será o hoje, perdido no que foi?
Será a vida e seu ciclo do depois?

É mais que parda folha caindo em meu chão:
É a angústia do sempre, amém.


Laís Leite

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Dor

Não me olha de lado
Não me faz ver o lado que é só teu, não meu
Não me deixa nunca, nunca de lado
Lado meu, você

São as noites dos dias comuns que mais doem, eu sei
São os dias das noites severas que buscam respostas
São palavras cuspidas, gritadas, que buscam ouvidos
São imagens nunca detalhadas, traços sem sentido

Mas de tua boca não sai verso disfarçado
Tu te mostras como és aos meus sentidos
Mas eu te peço, não me cale não-verdades
Pois é do ato que se fazem os gemidos



Laís Leite

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Euscrevote (e.v.)

Não te escrevo como verso
Amado, puro ou vazio
Tu és verso de carnes vermelhas
De saliva torpe, ainda que gentil

Se te escrevo à pena leve
Não te traduzo em teu igual
Sobram-te esguias mechas
Manchas do vindouro temporal

Se por ventura me perpassa teu olhar
Tal como ele se faz; como me vês
Ainda assim faltará o teu tom
De pureza desdobrada em ardis

Antes não te escrever como verso
Te olho, apenas; te conservo como és
De ti guardo o pouco que pode ficar
E não te levo sempre, deixo-te a me esperar.


Laís Leite

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Da saudade.

Não é por gotas que a saudade me insiste em chegar
Vem por rios e torpes chuvas
Pela terra
Pelo ar

Não é por medo que saudade vai embora sem meu bem
Vai por vir felicidade
Sorriso certo
Amor além

Não é sentida a falta dela, da saudade indesejada
Sinto falta, sim, dos beijos
Dos abraços:
Gargalhada.


Laís Leite

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Desperta

Os três pontos esperar.
tac tac tic
Não há hora certa
Não há o toque certo no lugar
tic tic tac
Vento bate, porta fecha, abre o coração meu
Suor goteja, o mar me beija, respiro sol
tic tac tic
Depois da aurora há muito mais que se ver
O caminhar é leve, rápido, ausente de ser
tac tic tac
Vou-me embora mundo a fora
São minhas as vezes de dona de tudo
tic tic tic
Somos dois de um só pensar
Somos produto do que de nós fizeram

Mas quem fez?
Ninguém nos fez
Fizemos o nós
E os nós?
Já não existem, pois não

Abrace-me nos dias de chuva sem que possam ver teu rosto
Não é certo abrir-se à voz do mundo ao despertar, que ele grita; alto

Mas não se esqueça dos meus beijos de dias de sol
E não se perca na imensidão do tal azul
E me carregues quando possas agüentar
Antes disso, melhor ficar

O meu sorriso teu já é; dei-te, não lembras?
Mas não de mim depende que com ele fiques
Sorria meu sorriso enquanto te apraz
E fique certo que quando não, em outro caminho sorrirei

Mas por agora me basta que me escutes
E que me beijes todo o braço até as unhas
E que não bastem os invernos de tão longe
Para de mim retirarem tua lua.


Laís Leite

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Da estrada (ou O nEuFrágil)

O que tem a estrada, que te deixa a esperar
Não só pelas palavras, pela dança e pelo ar
Tu esperas a partida de quem nem sempre te vê
Mas é o fim da estrada que tu esperas ter

Corre solta pelo vento a estrada
Nela correm não tão sós teus sentimentos
Te levantas e persegues as pegadas
Ainda que não as enxergue no cimento

Das vermelhas dores do passado
Nem te lembras, coisas dantes da estrada
Do tão claro verde fim que te aguarda
Fechas os olhos ao vazio que governa

Mas sendo intrínseca a ti a alegria
Que fizestes tu para a estrada alcançar?
Se nem ouvistes quando eles te disseram
Que antes fosse melhor naufragar

Mas é que nunca do mar gostastes, compreendo
E foges dele desde então
Mas aquelas águas límpidas e gélidas
Apenas no mar estarão

Que te voltes para a vida de outrora
E te permitas navegar em alto mar
E que te percas mar a fora pelo mundo
E à estrada nem penses em voltar


Laís Leite

domingo, 23 de novembro de 2008

Os olhos do meu amor

Os
Traços
São
Dourados
De luz
Calor,
Amor.
Não me pego parada;
Não me prendo a nada;
Não sou o sou não sou.
E se te sigo de longe
Não pense ser porque te quero:
Eu quero
Eu quero
Eu quero
A outro, de alma tão pura
Dos olhos da cor do noturno mar.
Não são teus
Não são teus
|Não serão nunca teus|
Os olhos do meu amor.


Laís Leite

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Proclítica (ou Do bom erro.)

Me escreva sobre o dia de amanhã
Me carregue pra onde o mar goteja
Não esconda-me dos beijos desejados
Traga a flor do dia que ela almeja

Tal qual vidro de infame transparência
Te apresento meus anseios mais perversos
Meu olhar fita vazio de imagens
Não são teus os contos mais dispersos

:

Trate de meu toque respeitar
Sendo vento, qual leve brisa irei voar
E sentir tua voz em minhas pernas

Não emprego meu pensar à tua causa
Tua música é mais que sonho à minha alma
Minhas unhas buscam firmes teu jardim


Laís Leite

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Não mais

Não fui eu a apregoar falsetas monumentais
Não fui eu a fugir quem entoou o último canto
Não foi meu o passo porta a fora
Foram minhas as palavras, não nego

Não, não fui eu quem deitou naquela relva
E bebeu do sangue que outrora compartilhei
Não fui eu a trançar passados em pedra
Que ao mar sem olhar atirei

Foi você, meu engano mais severo
Tuas mãos de dissidentes carícias
Teu olhar de angústia e desespero
Mentira, mentira

Foram teus lábios ao beijar outra boca
Que sorriram para mim ao me verem passar
E tão depressa senti-me tua outra vez
Tanto mais me dissestes: “nunca mais”


Laís Leite

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Arritmia

Não há mais rima
A perdi em algum verso por aí
O que há são sentidos, sentindo
Não só o que sinto, mas tudo quanto se possa sentir

Já não sinto a mesma sede de amor
Nem pelas palavras, perdão
O que me cabe são tormentos inquestionáveis do ser
Lamentos externos a mim

E foi como disse: fugiram-me as rimas
Sobrou-me tanto quanto posso suportar
Dor – amor – não sou.


Laís Leite

domingo, 12 de outubro de 2008

'Infinitivamente impessoal'

De tal maneira encontrou em mim o que não havia de ser encontrado. Encontrou a falta, portanto, e ali se fez presente. Pensou que a presença bastava, sorriu e correu memorizando seu domínio. Sentou e dormiu em colo aquecido, tácito, mas firme. Sentiu-se seguro, pronto a exigir. Esqueceu-se de quem era eu, do meu eterno não-fim, de minha permanência em mim mesma. Esqueceu-se de que em mim não há nunca o sempre, apenas a inexistência do tal ponto final.


Laís Leite

domingo, 5 de outubro de 2008

Deverias

Ah, garoto
Não feche os olhos ao mundo
Não deixe que a mata o cerque
E tome de seus olhos a visão

Escreva a pauta da vida
Não lembre das dores vividas
Respire sob o olhar do sol

Verta as lágrimas em canto
Se livre de dor e espanto
Reflita o que há de melhor

Escuta, garoto
Não são tuas todas as letras
Não são teus todos os versos escritos
Mas ainda te cabe interpretar

Abrace a casa amarela
Esqueça a cada dia o nome dela
Toque um blues ao anoitecer

Sinta-se leve ao meu toque
Enlace o braço da sorte
E siga sorrindo a luz do luar


Laís Leite

domingo, 28 de setembro de 2008

Como se faz poesia em dois

Dois momentos distintos, distantes
Dois segundos alterna-os num verso
Dois destinos comuns, é certo

A dualidade e seu compasso (des)conserto
Da aquarela retira vida movimento
E do movimento atiras luz ao pensamento

É do sonho que lhe tomam as idéias
Que escreves no papel à tua frente
Vês no traço passo laço pro infinito
Envolvendo estrelas nuas nas palavras do vazio

O que buscas não é amor ou sofrimento
É a conclusão do momento, o escrito
Faz do ponto seguro porto de sentidos
E dos sentidos, todos os seus instantes.

Faz da alma alegria cristalina
Transparecendo seus mais profundos desejos
Toma posse de sua pena e declina
– no mar suave de linhas transbordantes –
Não só a vida, de alheio dono
Como o que lhe é alheio em sua própria vida



Laís Leite / Mário da Mata

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Das dores

Ah, o braço dói!
E o rosto todo e a alma, junto
E mesmo tola já não me cabe jugo
Felicidade acaba por tomar meu ser

Sorrir de medo também não me atrai
Somos carne e pêlos, juntos num só
Somos canto e zelo tomados de pó
Não vês a janela aberta, as flores que nascem?

Apesar das fechadas cortinas
O vento ainda me bate
Mas fecho os olhos à amarga dor

E a noite tão certa declina
Os traços não marcam a sina
De quem sozinho ganha o sol.


Laís Leite

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Da sorte

Santa seja eu, em meu esforço comunal
Santa seja ela, em sua ignorância bestial

Caia sobre mim o céu de negras flores imoladas
Caia sobre ela o véu de pureza abençoada

Grite em meus ouvidos o que desejo eu gritar
Chore minhas gotas de impuro sangue a jorrar

[Minha sina é não ter sina que se ligue com a sua
Minha alma não vazia fecha os olhos e te procura]


Trate seus cabelos com as línguas mais perversas
Tire dela o ódio e ponha em si tal peça

Toque minha garganta e dela retire o ar
Beije seus pés, meu corpo a berrar

Tranque minhas letras em fogo eterno e vazio
Acaricie-lhe as pernas, fitando seu olhar sombrio

[Minha sina é não ter sina que se ligue com a sua
Minha alma não vazia fecha os olhos e te procura]

Olhe em meus olhos e veja meu sonhar
Beije minha boca e sinta o luar

Vá em sua casa e deite em sua cama
Encare sua pupila e diga que a ama

Dance minha música naquele antigo salão
Leia com ela os livros achados em meu porão

[Minha sina é não ter sina que se ligue com a sua
Minha alma não vazia fecha os olhos e te procura]

Sou das letras e dos sonhos, da brancura e do luar
Sou da colcha quente e macia, dos dedos e do mar.



Laís Leite

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Estática

Sendo sua não sou minha mais
sou do todo, do sempre, do fora
sendo sua já não me atrai
aquela vida de outrora

sendo erro, ainda assim sou mais
sou estrada, sou pedra
sou céu de cadência
sou vento no cais

sendo engano, sou mais também!
sou sorrisos
sou teu rosto
sou tua lembrança do além

sendo sua, não de outro serei
sou estática, muda em versos
sou o sonho que toda noite te vem
ainda que a mim não o digas, já sei.


Laís Leite

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Infesta

Quantas vezes terei de lembrar dos beijos
E da cor de tua boca, do sabor, do suor
Quantos olhos irei procurar
E esperar que me olhem como você?

Olho para mim e lembro do dia
Lembro da ansiedade, da posterior alegria
Olho em meus olhos enquanto posso
Sinto-me sua, sem ar

Há tanto por sentir
Tanto por ter e esperar de ti
Resta saber se me cabe sonhar
Se me cabe sentir novamente o gosto de amar


Laís Leite

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Lembranças mais breves.

Nuvens esfumaçadas
E vidas avermelhadas
Sonhos escondidos embaixo do lençol

Rostos assustados
Almas mal-amadas
Traços do bem que não ficou

Horas aguardadas
Olhos desolados
Canto do dia final

Beijos negados
Abraço apertado
Gestos de feitio igual

Bocas gritantes
Dedos nervosos
Cheiro e sabor

Passos sonhados
sólidos e rápidos
Juras de amor


Laís Leite

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Escuta só

É que hoje, hoje eu sou passado
Um retorno ao início sem recomeço
Um passo em falso, um voar no abismo
Eu sou o mundo dos anos sem paz

Eu sou ausência de tudo o que haverá
Eu sou silêncio na noite da rua
O grito mais alto gritado da lua
A folha mais verde voando pro cais

E não me culpe, porque hoje eu sou passado
Hoje eu sou o que a história cansa de ser
Hoje os olhos de outrora impassíveis me fitam
E me vêem como um eterno não-fim


Laís Leite

domingo, 22 de junho de 2008

Do meu arvoredo

São só estradas à minha frente
E tanto mais caminho, quanto mais vejo o poente
Não há muro que me impeça de ver o céu, porém
Então sigo na esperança de ver a estrela

Das tão frondosas árvores, guardei a cor da oliva
Dos pastos, minha sobrevivência
Mas vê, quem me mantém de pé, afinal?
Não sou mais que a tal essência

Não busco os mares, se quer saber
Imensidão inútil, aquela
Tenho mais fé na busca das dulcíssimas águas
Que guardaram para me suprir de prazer

É fato que não me é permitido retroceder
Melhor assim, eu penso, então
Que siga, sempre, a vida
São só estradas à minha frente. Talvez.



Laís Leite

Resposta.

E teu espelho te responde:
“Dançar para ti não irei jamais”
Corre longe e te esconde
Esse espelho, teu espelho
Não te quer como sombra, não mais


Laís Leite

Aquarela

Sendo eu o todo que sou
E esse todo vários eus
Se fosse meu o meu pensar
Que dele diria o eu?

Pois de mim nem eu sei mais
E do eu ninguém saberá
Cada um que pense em mim
Como alguém a se alcançar

De minhas partes tão únicas e vivas
Apenas a lembrança do que seria
Um todo feito de cada face
Tal qual o branco de tantas cores...

E de minha aquarela
Mostro um eu a cada passo
Embora apenas imagem feita
Ainda assim um todo, infracto.



Laís Leite

Tão sim...

De sorrisos é feita minha essência
E de sorrisos se alimenta minh’alma
E não dos meus sorrisos, que já são meus
Mas dos teus, tão meus quando sorris

E não pense que canso, nunca
Há sorrisos que ainda não fatos, são
E sorrisos contidos são belos sorrisos, quando conhecidos
Não há saída melhor para a felicidade

E em tua tristeza, de meu sorriso te servirei
Sorrisos de dentes, lábios e olhos
Sorrisos de alma, como têm que ser
Sem que haja dúvidas quanto à sua matéria

E tão cheio de sorrisos que estarás,
tão cheio de alegria tua-minha,
serás um outro, repleto do teu-meu próprio sorriso
serás alguém sempre tão mais, tão seu e feliz.


Laís Leite

Gradual

Se me queres, tu me queres como sou
Se não queres, eu te quero porque és:

De todos, o que vê o meu sorriso
Do mundo, mais novo iludido
Da vida, amante encantador
Dos olhos, lágrimas sem dor

És o vício a que quero me apegar
És areia, tão perto do meu mar
És meus sonhos, noites de cor
És angústia repleta de amor

Mas se te olho me some discernimento
O indizível vem à boca e eu engulo (sem pensar)
É que me apraz mais tua voz do que a minha
E é destino meu pra sempre me calar


Laís Leite

E nem podes...

Caso possas renascer
Nasça, pois, com outras veias, outras teias
Nasça com sabedoria, rebeldia
E quanto mais te aprouver

Caso possas ver o dia
Antes que o sol veja o mar, o caminho
Veja bem se te vale, lá no fundo
Irromper antes da aurora

Caso vejas meu futuro
E teu futuro, como não?
Me carregue no caminho, não sozinho
Leve junto a solidão

Pois ainda que nos veja
Há a pedra, sempre há
E depois dela não vês mais, que eu bem sei
Não a pode atravessar


Laís Leite

Surto? Nunca:

AMADURECIMENTO

Cimento seco é duro de comer amando.

Duro cimento é comer seco o amor.

Seco é o amor de cimento.

Cimento amado seca duro.

Comer cimento duro é seco, ainda que amando.



Laís Leite

de 4 títulos impublicáveis.

Se me contas tão belas histórias acerca do amor
Se me dizes quão belo é amar
Se me olhas com tais apaixonados olhos
Não poderias então me provar?

Mas não apenas a existência do amor, que dela não duvido
Nem também as delicias de ser amada, delas já provei
Tampouco seria sensato mostrar-me a felicidade que ele tem
Já sou feliz

Mas prove-me que não há vida sem amor
Como dantes eu supunha
Mostre-me que não há saída sem ele,
não há chão sob meus pés

Venha, sim, e me leve para onde julgares necessário
Irei
Tome-me pela mão e faça-me sentir que não há nada mais prazeroso que ser amada
Pois já não é o que sinto

Sim, arraste-me sobre seus pés e dance comigo ainda que eu negue
A música do falado amor que embala a tantos
Hei de sentir tal prazer!
Apenas dance e deixe-me buscar o infinito...

Ah! És necessário à concretização de meu desejo
E meu desejo parte de tua vontade de provar-me o irreal
Já não me parecem tão insensatas tuas palavras
É do sonho que me vem tal tranqüilidade

E se não conseguires o feito
Que hei de fazer?
Continuar na penumbra do não-amor, do eterno não-ser
Mas feliz, como sou, não seria?

Perderia então a alegria constante
Em vista de tal decepção
Se não há verdadeiramente amor
Que há, senão ilusão?

Pois que desisto da jornada!
Que fique eu em paz na minha ignorância
Que não haja jamais o amor para mim
Nem suas dores e esperanças.

Laís Leite

Agora dos olhos...

Mudaram meus olhos
E os antigos verdes que eles viam
Mudaram as ruas, antes nuas
Mudaram de cor e trajeto
Agora me levam ao céu

Mudaram os olhos que vejo
Antes de aberto coração
Agora de carne negra
Tanto quanto a vida do meio
Sabes do meio? Não sabes...

Mudaram os olhos do mundo
De mocinho a bandido, talvez
Ou de falante a ouvinte
De sentimento a sentido
Sem perder o sabor do profundo, claramente

Mudaram meus olhos
Visto hoje um olho qualquer
Não qualquer um, posto que é meu
Mas é um qualquer, por ser de outros também
Ah! Ele se dá! E não adianta pedir que não o faça!



Laís Leite

Constatação

Dos sonhos retiro o ser constante que almejo
Retiro ar, promessas de vida feliz
Mas a voz que infinitas vezes cala hoje me diz
Que não há passado ou futuro, há o ser, o eterno pensar

Nem o aviso me faz sentir como verdadeira a promessa
Sinto como se amor me envolvesse e não mais me largasse
Ilusão
Dias de sol e calor sem que o tempo passe

E apesar de me fazer de cega sei bem o que é real
Sei do tempo e dos males que viajam com ele
Sei dos bem-vindos suores do labor
E dos olhos, sempre olhos, a me observar

Bem sei que não há tão farta imagem
Não há quem me toque onde não há céu
Não há o amor dos contos enfadados
Há apenas a dor, a alegria, o ser plenamente.

Laís Leite

Sendo

Ser tempo é estar fora de tudo
É observar sem opinar
É não respirar, olhar
É sorrir e chorar sem sentir
É saber de tudo, é ouvir
É tocar e não mexer
REVIVER

Sou tempo agora em ti
Te toco e não sentes, por quê?
Te sigo e grito: cadê?
Não me vês, não me ouves...
Devo agora apenas sorrir e cantar
Pois de nada, nada, valerá
Ser tempo e observar





*2005

Laís Leite

Nada se faz de escrito

Ah! Tal alegria que dizem ver em mim
Vez em quando a sinto, me cutuca até acordar
Me mostra o sol, até que eu goste dele
Sopra em meu pescoço e ouvidos, escondida

Mas nada se faz de escrito
Que transmita tal estonteante alegria
De acordar-me e não precisar que ela sopre
De já ver o dia como noite, feliz

Não, nada se faz de escrito
Que te mostre o gosto da vida
Que te toque com mil ventos e cores
E te leve pra um lindo amanhecer (sem mover-te)

Mas ainda assim me ponho a escrever
E a ler o que escrevo, até entender
O porquê de tamanha ventura
De tamanha alegria por ser.


Laís Leite

Tarde

Agora é tarde
Tão tarde que posso até ver o sol
Palavras doces sem valor

Já foi-se o dia inteiro
E que posso eu fazer?
Não posso só parar o tempo
Não tenho o dom do alento,
se me entendes

Tarde para que venham as dúvidas
Que há agora?
Já não valem mais as lágrimas

Não existe o tempo que se foi
Não fui eu a escolher
Nem tu, bem sei
Foi a chuva, tão silente que veio
sem chances de redenção

De baixar a cabeça se ganha pena
Mais certo caminhar e sorrir
ainda que o sorriso não seja verdadeiramente seu.


Laís Leite

sábado, 21 de junho de 2008

Vidro

De tentar escrever nada me sai
então busco resposta no próprio escrever
Das letras, antigas amigas
Dos dedos, tão companheiros
espero alívio para meu desespero.

Pois ao escrever liberto horrores
Já que de amores não falarei jamais
E se me perguntas o que sinto, se não amo
Digo-te não ser esta a questão, porquanto amo demais

Mas amores escritos não contam,
tornam-se ínfimos ao lado de verdadeiro amor
Pois aqueles escapam nas palavras, transbordam por elas,
passam a servir a outrem que não somente o ser amado e o amante.

Posto que ainda amo, mas que não falo de amores
Que seja perdoada pelo que não fiz
E que ao lerem o que escrevo
Ao menos alguém sinta-se feliz
Por não ter tamanha sina
de escrever apenas mentiras
e palavras cheias de dor.

Laís Leite

Sentir lágrimas aos olhos é como respirar e faltar-me o ar. Mas ao deixá-las rolar, sentimento intenso toma todo meu ser...

Feche os olhos enquanto choro
Não quero que me vejas por dentro
Deixe que elas corram e se percam pelo caminho
Que não haja jamais quem as colha
Pois se um dia alguém o fizer
E se eu perceber e sentir
Nao só minhas lágrimas dele serão
Mas tudo pertencente a mim
Pois que somente comigo elas permaneçam
E que nunca ninguém disso esqueça:
Meu mundo inteiro está em uma lágrima contido.


Laís Leite

Método

Conhecendo caminhos e espinhos e pedras
E suas florestas e campos e flores
Que não bastem só estes na busca do eterno
Que a luta seja árdua e brava


Que dos passos pensados venha a cura
Que dos males passados, a sabedoria
E das dores e cores do ano, a calma
Sem que o pasto torne-se escasso

E que a chuva não caia sem que olhe pra ti
E que o beijo gelado não venha de mim
Pois do sol eterno vem meu amor

E da vida, quem sabe?
Do pranto e da carne sabemos e só
Mas do belo, do simples?

Pois que ame como nunca havia amado
Pois que beije como nunca antes beijado
E grite, e saia do mundo sem lembranças.


Laís Leite

Idiossincrasias

Eu sou uma criança.
Reconhecer-me como criança apenas reafirma o fato de sê-la.
E viver como uma, será que vivo?
E sentir as cores como pássaros, que vêm de lá pra cá, que mudam, transmutam e encontram uma idéia inicial... Seriam as cores sentidas e ouvidas por mim?
E os ventos! Brisas e tornados de luz e energia que as crianças temos.
Vozes cantantes que embalam a todos em inebriante sono... Papéis pintados em linhas diferentes do preto, do branco, do cinza. Diferentes dessas linhas que agora traço.
Ainda serei criança?
Mas e essa voz? Que faz ela aqui dentro se descubro que não?
Que faz ela, senão afirmar-me e gritar em meus ouvidos que sim, que eu pule e faça o que quiser, assim como crianças, ora!
Pois adultos não têm coração. E eu tenho. Eu sou criança, descobri-me criança.


Eu sou um traço; um marco no mundo.


Laís Leite

Amo-te

Amo-te além do que sou,
Além do que és ou do que dizes.
Amo-te com o som da chuva, a brisa do mar
e com a luz do sol, o cheiro do ar.
Amo-te por amar-me,
por rires de mim e comigo,
por gostos, por gestos, olhares,
madrugadas, manhãs e noite.
Amo-te pelo inverno,
pelas flores e folhas.
Amo-te tal qual as pedras o chão;
tal qual meu sangue o coração.
Amo-te há tempos,
há horas.
Quantas?
Amo-te.



Laís Leite

Brincadeiras

Ao preparar-me para tal grandioso encontro
-papel, lápis, olhos e coração
Parece-me sempre sensato
esquecer-me da razão
Mas veja só o que ela me fez
-essa ausência do pensar
Emocionar-me com o talvez
com a leve iminência do amar
E nesses versos infantis
-que me escondem do que sou
sinto já não voltar o tempo
Lágrimas ao chão. Passou.

Laís Leite

"And now, if someone is offended by this story of fairies and their tricks,
judging it strange and beyond belief,
they only have to imagine that they have been asleep,
and that all these adventures took place in their dreams" Shakespeare.

Lembranças

Ao ver a noite cair sinto um frio imenso. Sem certezas o mundo me engole e eu não tenho defesas para tal agressividade. Há muito tais pensamentos não vinham a mim, mas todos temos direito a breves momentos de nostalgia.

Esses momentos, quando me tomam, me fazem mergulhar num mundo que já não existe, que já não é mais meu. Um mundo melancólico, mas esperançoso, onde a alegria era sentimento escasso em mim.

Emoção incrível eu sinto quando me releio. Vejo-me por dentro, me permito conhecer, como se nunca me tivesse sentido antes.

Grande pesar me toma ao pensar que aqueles dias já não voltam. Apesar de tristes, produtivos, e eu podia dizer que era feliz por não me conhecer. Pois hoje sei de defeitos, falhas e máscaras, e como é difícil livrar-me de tudo!

* To be or not to be? That's the question.

Laís Leite

Notas

Eu queria tocar um instrumento
e mostrar tudo o que há por dentro
desta alma insana, impura e sem memórias

E ao som da música sem fim
saber dançar e sorrir
sair do lugar sem saber onde estava

Cantando tal tocante som
Encontrar quem tenha o tom
Mais bravo, mais forte

E abrir asas sem poder voar
E sentir-me tocada no ar
e ser feliz e livre e sim.

Laís Leite

Senti(mentos)dos outros

Sem rimas loucuras me tomam sem ver
destroem as palavras que guardei
desfazem poema e vida e tema
e correm sem um propósito meus sentimentos

Te olho, anel que aperta meus dedos
quão grande significado tens para mim
eu choro, mas não de medo
te vejo, lua, cadência sem fim

ah! eu quero de volta meus dons!
meu lápis e folhas sem cor!
eu quero de volta a vida
e os sons e os toques e a dor.

Laís Leite

Inventei.

Vi que inventar não vem só de dentro, de mim. Inventar depende das ruas, das casas, dos amores. Inventar depende do sol, da chuva, da lua; de tudo o que há em toda a Terra e fora dela. Depende do universo exterior - além do interior, mas este é mais oculto, complexo. Inventar o que quer que seja leva a inventar mais e mais, a fim de superar o invento anterior. Inventar palavras, sonhos, contos... vidas. Viver as invenções - externas ou internas - e sê-las em alguns casos. Eu gosto de inventar.



Amém?

Laís Leite

?

Vi o verde crescer no céu de minha boca. Cataratas de sonhos e cores insensíveis à luz. Aquele astro seguindo seu caminho como sempre, sem me esperar. E a chuva que cai de forma singela aumenta o frio escaldante em mim. Cavalos de aço vêm e me trazem tanto quanto esperei. Uma vida traçada sem graça, com passos e pedras pra se viver. E a sombra vai além do meu toque.
Laís Leite

Alô você

Você que vem lá de baixo
Você que canta e encanta o asfalto
Você do mundo e de fora
Você que fala agora


Você que sabe o que quer
Você que não quer um qualquer
Você da vida e de Deus
Você que já me esqueceu

Você mandante e forte
Você que luta com a morte
Você de sede e de fome
Você andante terrestre
[que vive que anda e cresce

Você que me olha de lado
e me diz coisas pra o que eu nunca faço

Você é o oposto de mim
o meu lado do meu próprio eu

Você não me venha com coisa
que de mim você sabe melhor
você é a resposta aguada
do que eu quero pra mim.



Laís Leite

O brilho no céu me pensa em si: Será que ainda existo?

Fulgurante e rápida e constante

Formas indefiníveis de luz

Gestos tocantes e quentes

e grandes passadas azuis

Caramelo doce e ardente

Toca meu corpo e me faz correr

ao infinito incansável

à vida nova além

O som de lá me conforta

As cores e o mar acolhedor

Aquelas luzes, as que vejo

Me trazem e me levam a dor.

Laís Leite

Alento

Sorrisos e olhos sentem o que

Sem pesar sinto também

Demonstração mais pura do que

Sem mim continua a ser

E tocar-te tem um gosto tão bom!

E beijar-te com aquele cheiro...

É vida brotando do chão

Chão ardente, em chamas

É brilho tão terno em mim

Tu tens o momento

Penso e repenso em ti

Sorrisos e olhos atentos.

Laís Leite

Amigas

Infância, adolescência, vida
amigas presentes,
confidentes
brigas

ainda assim amigas

Choro, riso
abraços
bebidas, churrascos

amigas!

(E mesmo tão perto,
eu estando distante,
não as sinto mais da mesma forma.)

Amigas!

E choros e risos e beijos e abraços
e segredos e mentiras e verdades infinitas

E ainda assim, espero,
pra sempre amigas!



Laís Leite

"Premissas Filosóficas"

“Conhece-te a ti mesmo”
E diz-me quem tu és.
Talvez melhor do que eu,
talvez poeira e papéis.

Mas quem sabe o que lá está escrito?
Contos, rios e fadas.
Quem sabe se eu existo?
Se respiro, ou se tu falas?

Vejo com olhos de luz
teu passado e meu presente
unidos num ponto qualquer

Vejo que a história reduz
[e mata e sente]
o que a beleza requer.

Eu sou um conto sem fadas,
um ponto lá no final.
Eu sou o cheiro e a carne
daquilo que só me faz mal

No canto ao lado uma viúva
De mim arrancando a vida.
Não dói, não sinto
um arrepio sequer.

E vejo os dentes que mostram
Presumo que irão me morder
Não grito, não corro, não mostro
Aquilo que só ele lê.



Laís Leite

Trincas

Limitar-se é ver e não tocar.
Ame-se e sinta o prazer,
chore e grite o porquê
de não vê-la mais e ainda assim sorrir...

Desça da vida e veja:
há um céu, uma estrela
e todos olham para ti.

Cale e ouça o mais óbvio;
feche os olhos para os que te abraçam;
corra ao encontro do fim.

Escreva os versos mais doces,
cante o mais amável canto.
Seja tudo o que puder,
seja um outro qualquer.

Laís Leite

Passos

Dance ao som da marcha
Não vês que há uma espera?
Balance e seja o melhor
Sorria e seja cantor

[Os prantos mais melódicos
O sangue do mais puro
O branco dos olhos
O negro da noite]

Mexa e sinta o suor
molhando a pele e os cabelos

Grite e ouça a voz
daquele que é seu espelho



Laís Leite

Canto

Ah! Este Reino que não alcanço
Banhado de estrelas,
e do meu pranto.
Reino das flores e luas

Ah! Este céu de uma cor que nem sei
Pintado pela mão de quem
roubaram toda doçura.
E ainda assim quão belo é!

Ah! Se eu soubesse dessas cachoeiras;
dessas águas límpidas e gélidas...
Poderia ter tão perto chegado
daquele que não está, mas é.

Ah! Nuvens do açúcar mais doce,
e terras do mais perfeito sabor.
Sinta e seja alegria.
Sinta e seja terror.



Laís Leite

Sonoplastia

pac.



tic.



pac.





pac.



tic.



Eternamente.



Laís Leite

(Im)prováveis Dúvidas

Gotas molham todo o chão ao meu redor. Incrível, parece que elas não fazem efeito algum em mim. Esse mar de lama que formou-se explica-me muita coisa; faz-me acordar para uma realidade insípida e inconstante. Como quando se batuca na mesa sem saber ao certo que som vai ouvir - quão improvável isso é? Mais fácil ouvir sinfonias sicronizadas e melódicas; elas embalam a gente num sonho sem fim e sem cores - no meu caso. Ah! por um momento esqueci-me da enxurrada em meu encalço! Desleixo meu, ela continua aí sem ao menos tocar-me. Por quê?
Laís Leite

Lembranças de um dia que virá

É com lágrimas que te escrevo agora. É como se o papel fosse um estranho para mim; mas chamou-me, tive que atendê-lo.

As lágrimas em meus olhos são de alegria. Notei o que até então esperava. Sim, já sabia que há muito caí nesses laços indissolutos. Mas como saber se tu também encontravas-te em tamanho apuro?

Confirmação divina tocou-me há pouco. Como duvidar, se é só o que mostras todo o tempo? Cega fui eu, que não te vi lutando para não cair. Mas caíistes, graças dou eu a Deus.

Sinto agora fugir-me o fardo. Como se ele já não quisesse mais ser por mim carregado.

Sorrisos apagam as brancas nuvens no céu e o deixam límpido agora. Em seu esplendor Ele me avisa que vai, e me deixará um caminho a seguir.

E é por isso que agora paro e apresso-me, para não deixar que se vá mais uma oportunidade.


Sim, e foi bom.

Laís Leite

"Força estranha"

Inexprimível força impele-me agora a contar-lhe tudo o que penso. Não que ache que um dia irá se importar, não. Apenas desejo que saiba que não é tão perfeito assim. Nem nada nem eu. Assim como os ventos mudam de direção, eu também não me obrigo a manter-me sempre ali, mesmo sabendo que às vezes é melhor não contrariar. Arrisco-me covardemente, escondendo sempre os verdadeiros motivos; esperando sempre que compreendas. Mas não. Não que não tentes, e tentar não é de todo ruim. É só que não consegues. Segurar minha mão não basta. Me olhe, me toque, grite, balance. Mas deixar-me parada ligada a você é um erro. Não nasci com um destino traçado, mas parece-me que você ainda não sabe disso. Talvez nem você nem ninguém. Deixar-me viver? Nunca! Viver por mim sempre, para evitar maiores constrangimentos. Pois então... viva! Mas não esqueça que sua vida é apenas uma, como a minha, e que nada evitará o confronto final.
Laís Leite

Apenas mais uma das muitas noites...

E das flores que despetalei
delas não guardei o perfume
dos teus beijos que roubei
apenas a surpresa

Como são belos seus olhos assim
Mesmo que não olhando pra mim
Estão defronte à minha face
E brilham... e parecem sonhar

O vento que hoje toca meu rosto
Um dia há de não soprar
e alheia ao resto, ao mundo
sei que outros ventos irei procurar

Fechando os olhos vejo-te bem
Acompanhando-me? Não sei...
Mas peço-te apenas que espere
Voltarei

O mar, as praias
tudo aqui é mais bonito
Talvez pela tua presença
Talvez apenas pelo que sinto

Sei só que contigo estarei
- mesmo distante
Quem sabe noutra vida, noutro sonho
noutro barco, noutro instante...

Apenas ao teu lado,
e isso me basta
Porque é disso que vivo:
do teu suspiro



Laís Leite

Confesso

Eu confesso ter-me jogado em teus braços
E deixado-me levar por tudo o que disseste

Confesso ter-me perdido em teus beijos
E encharcado-me com o fogo do amor

Confesso ter-me aventurado
Jurando ser apenas algo banal

Confesso ter caido em teus carinhos
E olhos, que olhos!
Ah! Teu olhar...

Confesso ter-me perdido nele também
E imaginado que nada havia além
Mas quanto engano o meu!

Atrás do véu que te cobre
um novo homem me envolve
Através do que sei nem descrever...

Sei apenas que em mim agora
uma mulher que não a de outrora
passa agora a viver.



Laís Leite

Breve

E quando eu olho à minha volta: escuridão.

Não, não estou só. E isso me incomoda.

Não me importa o que você pensa. Libertar-me; essa é a meta. E você não pode me ajudar. Não tente. Tentar pode até ser pior; Está sendo.

E o sol nasceu.
Laís Leite

Respostas póstumas de uma humana aprendiz

Os pássaros não voam só porque têm asas; os patos também as têm, e eu conheço um pássaro que não voa.
Lágrimas não são somente de tristeza; nem de alegria.
Olhares fugazes nem sempre querem fugir.
Olhares profundos dizem menos que breves encontros.
Certas coisas contam muito, mas pouca coisa conta.
Abraços servem para esconder pessoas e mostrar sentimentos.
Sorrisos alheios nem sempre me deixam feliz.
Apertos de mão servem para completar o que não precisa ser dito.
Beijos não ligam somente pessoas; ligam mundos - e os desligam também.
Pensamentos são sempre bem-vindos; mesmo quando eles não são tão bons assim.
Papéis em branco me animam mais que chocolate.
Talvez sorrir não seja o melhor remédio.
A doação é um caminho sem volta. Trilhe-o; os caminhos sem volta são sempre os melhores, mesmo quando eles não parecem tão bons.
Perfeições são ilusões escondidas em nossos desejos.
Eu não conheço a primavera. Isso não faz muita diferença, já que eu não gosto das borboletas.
Não, eu nunca plantei uma árvore
Não escrevi ainda um livro
Não tenho filhos
E mesmo assim não vejo empecilho algum para a morte.

Mas a morte é para os fracos; e eu... bem... eu realmente tento viver.

Laís Leite

Úmida

Sinto molhar-me por inteira
que será? chuva ou lágrimas?
Não posso controlar, não depende de mim
que fazer? ir ou ficar?

E agora que olho em seus olhos
Já não tenho certeza alguma
Me passam uma verdade... falsa, tavez
Me cobrem de mais dúvidas

Suas mãos tentam incansavelmente
Elas nunca irão me acalmar
O melhor que podem fazer é embalar-me
E em breves devaneios me perderei.


Laís Leite

Suspiros

Naquele momento, era como se seu olhar não fosse mais o mesmo. Ele não me dizia nada, só me deixava ainda mais confusa. Aquele tenebroso silêncio assemelhava-se a uma linda tarde de verão da qual nuvens negras rapidamente apossaram-se. O porquê daquele silêncio estava além da minha compreensão.

- Me diz, não esconde. Basta fechar os olhos e suspirar... prometo que vou entender tudo; ou até mais

Mesmo não podendo escutá-las, eu sabia que tinha entendido minhas tímidas palavras. Mas não, não houve resposta. Fiquei ali, olhando seus misteriosos olhos, sem saber quais seus pensamentos. Finalmente cansei. Levantei-me, dei as costas. Ia embora.

Um impulso fez-me parar. Assim, de costas mesmo. Sim, eu ouvi o seu suspiro.
Laís Leite

Sobre mim


Por muitas vezes me perguntaram por que eu escrevo. Bem, há uma simples razão: essa é a única forma que eu tenho de expressar exatamente o que quero.


Mas aí se você me conhece, diria: "Mas você fala tanto! Por que então falar não lhe basta?!" E eu lhe pediria pra pensar um pouco comigo. Eu às vezes (talvez na maioria das vezes) falo demais, e muita besteira! Normalmente pouco do que eu falo é o que eu quero falar, e muito do que eu falo é tentando algo que sei que não irei conseguir - não tão breve.

Desenhar (que talvez fosse uma outra saída), não é mesmo o meu forte. Meu melhor desenho é uma bonequinha palito e sua familia palito em sua casa quadrada de teto triangular com uma linda macieira no jardim. Não, esse não é um bom meio de expressão para mim...

É isso então. Nada mais pra escrever. Já foi demais. Bem, eu escrevo pra ficar feliz. Eu escrevo para os outros lerem. Mas, principalmente, eu escrevo pra mim, eu escrevo pra ser eu mesma.

Presente

Me espere chegar
No final te darei um sorriso
sim, aquele sorriso
o que guardo só pra você

Me espere chegar
Te olharei com aquele olhar
o olhar que você gosta
o olhar e o sorriso, só pra você

Me espere chegar
A volta é mais alegre, mais curta
e no final sempre há a recompensa:
aquele olhar... aquele sorriso... aquela alegria



Laís Leite

Sobre um certo Dan Brown


Há não mais de uma semana, li um livro chamado Fortaleza Digital, de Dan Brown. Provavelmente ( pra não dizer que é obvio) vocês já ouviram falar deste homem, o autor do tão impressionante Código Da Vinci.



Após já ter lido 3 livros seus, os já citados Fortaleza Digital e Código Da Vinci, além de um outro, chamado Anjos e Demônios, me encontro em total curiosidade sobre a vida deste autor. Mas, como sou uma pequena viciada em grandes futilidades da internet, sei que não irei nunca pesquisarr nada sobre ele. A inércia me proíbe.Portanto, irei fazer as minhas poucas considerações sobre o dito cujo e suas obras. Você não é obrigado a ler se não estiver com saco.



Em primeiro lugar: alguém aí sabe me dizer se ele é ateu? Ou herege?! Ou algo do tipo!? Porque, se não for... caramba! Tem tudo pra ser! Enquanto lia Fortaleza Digital, pensava: "Até que enfim! Parece que pelo menos um dos livro desse cara não tem nada contra a Igreja!" Mas como me enganei!!! Chegando perto do final do livro de repente eu me deparo com frases como: " Há muito tempo não rezava" "Não acredito em milagres" "Há quanto tempo não entrava numa igreja" "Eu havia me esquecido da eucaristia!". Nada contra, senão o fato da influência que esse tipo de livro causa em jovens alienados e sofridos, carentes de atenção. "Por que tanta libertinagem!?"



Mas, voltando, não é que eu ache que ele não deveria colocar essas coisas um tanto ateias em seus livros, longe de mim, só acho que ele deveria olhar as duas faces da moeda: A religião em seus livros NUNCA é algo bom, sempre é uma forma de ilusão uma mentira, que serve para enganar os tolos e amparar os desesperados.



Em segundo lugar: não posso negar que o cara é realmente bom. Com uma narrativa rápida ele consegue prender o leitor ao livro (tá bom, eu li isso no verso do livro! Mas eu concordo, oras!). Espero realmente ler mais alguns livros escritos por ele. Vai ver um dia me surpreendo e encontro num dos livros um personagem convicto de sua fé!



Ah! E pra quem tiver pensando:"Ora! Mas em Anjos e Demônios há padres, o Vaticano..." Bem, sinceramente, nunca vi padres tão sem fé e religiosidade quanto aqueles! E Dan Brown só mostra o lado ruim da Igreja.



Outra coisa! Eu não me considero uma verdadeira Cristã . Sim, faço parte daquela grande massa que se desloca às igrejas todo domingo, rezo todas as noites, faço parte de grupos de jovens... Mas, o que faço como Cristã frente aos outros? O que os outros que se dizem Cristãos fazem? Essas são perguntas que certamente vocês já têm a resposta...

Laís Leite

Caminhadas

Caía ao meu lado a noite. Cansara de esperar sua vez de despontar no infinito. Apesar da hora, ainda havia pessoas caminhando - algumas sem rumo, algumas para casa, alguma para a morte. Era bonito ver aquilo. Mesmo que eu não pudesse participar. Eu já tinha caminhado.

Aos poucos, todos foram se dispersando - uns foram para lugar nenhum, outros para casa, e outros, bem, outros pararam de caminhar. Senti-me finalmente só naquele lugar. Mesmo que antes não houvesse ninguém ao meu lado. Agora eu só podia ouvir meu coração calar-se. Isso era triste, eu sabia. Vendo minha tristeza, ela cantou para mim. E eu dormi, apenas esperando que a próxima noite de caminhadas chegasse.
Laís Leite

Só.

Olhando para o céu eu podia ver as estrelas. Mas era só o que eu podia ver. À minha volta estava tudo escuro, mas aquela havia sido a minha escolha.

Na manhã anterior, a angústia invadira-me. É claro que eu sabia todas as consequências, mas eu as havia desconsiderado, não me importava.

Agora, não adianta insistir. Não, ela não virá hoje me iluminar. Somente as estrelas estão no céu. Me vigiando. Roubando minha pouca luz. Deixando-me nessa completa escuridão.
Laís Leite

Adeus

Perdida em ausências

Em dores, em manhas

Perdida... longe...

Distante de mim mesma, só.

Buscando o que não conheço

“Caminhando contra o vento”

Como aquele que sei

Mais do que eu sofria


Esperando apenas a hora certa

Para simplesmente terminar de me perder

Talvez alguém me encontre – talvez não

Mas agora isso não me importa. Adeus.

Laís Leite

Dia dos namorados, 2004

Finalmente. Graças a Deus. Acabou. Se você não sabe do que eu estou

falando, sorte a sua. Porque eu estou falando desse sábado, dia 12

de junho, que se não fosse por causa de algumas pessoas com sede

de dinheiro, seria mais um sábado comum. É isso mesmo, sede de

dinheiro. Ou vai dizer que você não sabe que o dia dos namorados foi

criado apenas com o pretexto de fazer pobres casais apaixonados

gastarem rios de dinheiro somente porque nessa Época do ano as vendas

eram baixas? Isso mesmo. Se você não sabia, fique feliz por eu ter

informado. No mundo capitalista em que vivemos (como se tivessemos

como viver em outro...) tudo vira motivo para gastar dinheiro. Daqui a

pouco, até o "dia daqueles que não têm o que fazer" vai ser criado

(caramba, nesse dia eu ia ganhar muito presente), provavelmente numa

epoca tipo agosto, setembro, em que nunca há vendas o suficiente para

os comerciantes. O que é que eu posso fazer? A vida é assim. O único

jeito de não incentivar essa onda de gastos e mais gastos nessa

bendita época do ano, é não tendo um namorado!!! Se você é adepto

dessa filosofia, parabéns!!! Você está no caminho certo pra boicotar

a economia brasileira. Mas, se você tem um namorado(a), parabéns!!!

Você é mais uma das muitas pessoas que movem a economia do nosso país!!!

Feliz dia dos namorados pra vocês felizardos que fazem o Brasil ir pra frente!!!

Laís Leite

Ontem

Ontem eu senti
senti-me chover
Sim, cada célula do meu corpo tornou-se água
E eu me derramei, sem sentir

Eu não chovia de nuvem
chovia de mim
E me via assim, chovida
Sem poder retornar

Agora, eu só espero que a lua venha evaporar-me
Para tornar-me mil, uma só
Para voltar a ser o que não era antes
E só



Laís Leite